domingo, 22 de julho de 2007

Amor meu... (de Alma Welt)

(8)
(Estes dois sonetos foram "pinçados" do livreto "Sonetos da Pintora"II
de Alma Welt, por serem bela e delicamente eróticos, e
caberem neste blog, a meu ver. (Eles são o n°6 e o 10 daquela série. Vide as páginas da Alma no site Leia Livro.)
(6)

Amor meu, coração, alma e poesia,
Pintura em minha veia, cantoria,
E a dança dos meus gestos quando pinto
Diante da tela branca em que me sinto.

Assim também no leito me coloco
Passiva agora diante do teu foco,
Que a pintora és tu, neste momento,
Para fazer tua obra, teu evento.

E se souberes combinar as minhas tintas
Colhendo-as onde fluem generosas
Terás na mesma tela em que pintas

O duplo retrato, arte e vida,
Que vejo em mim e ti, enquanto gozas
Sobre a minha boca agradecida.

10/10/2004


Epílogo
(10)

Quero pintar, perder-me, poetar,
Amar, ser amada e possuída
Pois que tudo quero desejar,
E desejada, ser a própria vida.

Confundindo-me com aquilo que desejo
Entregar-me assim nua e sem pejo,
Atingida pelo amor em pleno cerne
Através do sexo e da epiderme

Ser a musa de um poeta, gloriosa,
(que jamais me entregaria a um burguês)
Ser então cantada em verso e prosa

Depois, quando o Tempo adverso
Atingir-me como a todos sempre fez,
Feliz poder mirar-me no meu verso.

10/10/2007

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