terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Gratidão -Ode ao meu corpo (de Alma Welt)


Alma- óleo s/ tela de Guilherme de Faria, 50x60cm, coleção Flávio Pacheco, São Paulo.


Pelas lindas manhãs em que renasço
Como Vênus da espuma entre os lençóis,
Longe da velhice o arregaço
E seus cataplasmas e urinóis,

Pelas pétalas macias desta vulva
E o botão rosado de meu ânus
Que dou a chupar como uma uva
E perfeito continua pelos anos;

Pelos bicos frementes de carícias
Dos meus seios como lírios de brancura
E aréolas que são como primícias

Dos prazeres que dou a quem procura
E mergulha e volta com malícias,
Eu te agradeço, ó corpo, ó formosura!

(Sem data)

Nota
Acabo de encontrar este belo soneto que classifiquei entre os eróticos da Alma, e que celebram os dons de beleza corporal de que a poetisa era pródiga. Em verdade, para quem a conheceu, estes versos não seriam de espantar, pois a formosura da grande poetisa era tanta, que seria mesmo uma hipocrisia de sua parte se ela não a celebrasse cheia de gratidão como o faz aqui neste soneto e alhures em sua vasta obra erótica ou não.(Lucia Welt)