Dias há em que não caibo em minha pele
E preciso correr como uma louca
Arrancando-me as roupas e a touca
E não podendo suportar que alguém me rele.
Rolo pelo chão, alguém me ajude!
Mas não me toquem, não me posso controlar,
Mas eu peço: não peçam que eu mude,
É necessário apenas me amarrar.
Depois não parem, eu ali, de me olhar
E deixem-me assim por uma hora,
Somente isso irá me apaziguar.
E no final, se me virem ensopada
Escorrendo pelas pernas como agora,
Por mais um mês ficarei bem comportada.
16/10/2006
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Nota da editora
Hesitei bastante em publicar este soneto revelador, mas tendo consultado a respeito a doutora Jensen, essa foi do parecer de que, como a Alma era uma escritora confessional, que não escondia nada e fazia em seu pensamento e cotidiano, de tudo e até de suas mazelas a matéria de sua arte, e que isso era parte inerente de sua personalidade artística, seria uma traição escamotear este soneto, embora ele exponha a doença da minha irmã. Alma tinha PMD* (hoje se diz "transtorno-bipolar") e no seu polo eufórico tinha características de ninfomania ou histeria erótica. Mas tanto eu como Rodo e a doutora estamos convencidos de que nada disso diminui a sua grandeza literária, constituindo, ao contrário, o seu "pathos anímico" ou o que já se denomina o "caso Alma Welt". (Lucia Welt)
* PMD - Psicose maníaco-depressiva.
domingo, 17 de fevereiro de 2008
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